Antes de encerrar preciso acrescentar umas poucas linhas sobre a nova novela das 8, "Duas Caras". Nela um bandido faz uma cirurgia plástica para mudar de identidade. Em qualquer país civilizado se chamaria outro ator para viver o papel do "new face". Mas não aqui. Apenas cortaram o cabelo, fizeram a barba e rasparam a sombrancelha, com mais um ou outro toque de maquiagem. Um novo homem, irreconhecível! Chega a ser cômico! Mais alguns capítulos e na certa a mocinha, seduzida e traída pelo marginal, vai olhar nos olhos dele e dizer: quem é este? Dãããã...
Se liga Rede Globo. Por que será que a audiência das novelas está em queda livre? Primeiro uma reprise da dupla de gêmeas boa-má. Agora uma plástica chinfrim, em um país que é referência mundial em cirurgia plástica. Não é porque sou um mero escriba que sou otário...
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
Farsas nossas de cada dia
Ontem peguei um ator. Como passageiro, claro. Este táxi é de um escriba mas ainda é um táxi.
Atores são gente engraçada, porque ganham a vida fingindo serem quem não são. Se você ou eu fizermos o mesmo iremos para a cadeia.
Isto me lembrou o programa "Simple Life", que acabou ontem. Não vi o final, pois abandonei o barco no meio do caminho quando notei a farsa toda. O começo era promissor: duas patricinhas perdidas na fazenda. Legal. Só que Karina Bachi já namorou um rapaz que tinha enorme fazenda em São Paulo, devidamente freqüentada pela moça. Opss, algo está errado. Mas tem a Ticiane Pinheiro, esposa do empresário Roberto Justus, modelo e atriz. Séria candidata a patricinha perdida. Certo, então vamos dar um voto de confiança. E paguei para ver.
Logo percebi que as situações eram muito forçadas. As duas se mostravam absurdamente irresponsáveis e típicas cabeças-de-vento. Faziam coisas sem sentido como atrapalhar a produção de uma indústria de refrigerantes (onde tinham ido procurar "emprego") e sempre chegavam atrasadas em tudo. Um dos eventos contou com um atraso de 3 horas das duas moças. Será que Karina Bachi já se atrasou três horas para gravar uma cena de novela? Será que a Ticiane já atrasou o jantar do Justus três horas? Na certa teria ouvido: "está demitida!".
Este tipo de situação foi explorada ao extremo e beirou o ridículo. Duvido que as duas moças sejam realmente duas toupeiras irresponsáveis como foram mostradas. Elas são é duas atrizes interpretando um papel, o que descaracteriza a proposta do programa, com poucas coisas reais (assim como asneiras tipo chamar uma bota de borracha de "galocha", que é outra coisa). Então qual foi o motivo de toda esta coisa?
Interessante. Repare que absolutamente tudo na cidade de Analândia foi explorado como pano de fundo para as desventuras das duas moças. Comércio, indústria, atrações turísticas, esportes radicais, agricultores da região. Da lanchonete da pracinha até a escalada do "Morro do Cuscuzeiro", tudo foi destrinchado. Mas com que motivo? Quem na verdade manipula os cordões deste programa? Onde há fumaça, há fogo. Podem ter certeza de que surgirá, em breve, algum tipo de empreendimento de porte na cidade de Analândia, já devidamente apresentada a todo o Brasil. Aguardem.
Atores são gente engraçada, porque ganham a vida fingindo serem quem não são. Se você ou eu fizermos o mesmo iremos para a cadeia.
Isto me lembrou o programa "Simple Life", que acabou ontem. Não vi o final, pois abandonei o barco no meio do caminho quando notei a farsa toda. O começo era promissor: duas patricinhas perdidas na fazenda. Legal. Só que Karina Bachi já namorou um rapaz que tinha enorme fazenda em São Paulo, devidamente freqüentada pela moça. Opss, algo está errado. Mas tem a Ticiane Pinheiro, esposa do empresário Roberto Justus, modelo e atriz. Séria candidata a patricinha perdida. Certo, então vamos dar um voto de confiança. E paguei para ver.
Logo percebi que as situações eram muito forçadas. As duas se mostravam absurdamente irresponsáveis e típicas cabeças-de-vento. Faziam coisas sem sentido como atrapalhar a produção de uma indústria de refrigerantes (onde tinham ido procurar "emprego") e sempre chegavam atrasadas em tudo. Um dos eventos contou com um atraso de 3 horas das duas moças. Será que Karina Bachi já se atrasou três horas para gravar uma cena de novela? Será que a Ticiane já atrasou o jantar do Justus três horas? Na certa teria ouvido: "está demitida!".
Este tipo de situação foi explorada ao extremo e beirou o ridículo. Duvido que as duas moças sejam realmente duas toupeiras irresponsáveis como foram mostradas. Elas são é duas atrizes interpretando um papel, o que descaracteriza a proposta do programa, com poucas coisas reais (assim como asneiras tipo chamar uma bota de borracha de "galocha", que é outra coisa). Então qual foi o motivo de toda esta coisa?
Interessante. Repare que absolutamente tudo na cidade de Analândia foi explorado como pano de fundo para as desventuras das duas moças. Comércio, indústria, atrações turísticas, esportes radicais, agricultores da região. Da lanchonete da pracinha até a escalada do "Morro do Cuscuzeiro", tudo foi destrinchado. Mas com que motivo? Quem na verdade manipula os cordões deste programa? Onde há fumaça, há fogo. Podem ter certeza de que surgirá, em breve, algum tipo de empreendimento de porte na cidade de Analândia, já devidamente apresentada a todo o Brasil. Aguardem.
terça-feira, 9 de outubro de 2007
TROPA DE ELITE, MONGES e PIRATAS
Depois de um longo e tenebroso inverno, nosso táxi está pronto para rodar novamente. Vamos sempre procurar gente interessante e assuntos legais para tentarmos entender melhor nosso Brasil varonil e, porque não, nós mesmos.
A primeira coisa que salta aos olhos é o filme "Tropa de Elite". Depois de 1,5 milhão de pessoas assistirem ao tal DVD pirata, o filme foi recordista de público neste final de semana, por sala de exibição, nos cinemas de São Paulo e Rio (onde começou a ser exibido sexta-feira). Legal, muito bom para o cinema nacional. Mas existe algo mais por aí...
Não seria o caso de se repensar o problema da pirataria? Se depois de toda esta confusão o filme foi bem de bilheteria a causa não seria justamente a pirataria? Pois não se fala de outra coisa entre os cinéfilos. É o assunto do momento. Vamos ver outro exemplo.
Conhece o livro "O Monge e o Executivo"? Apesar do nome sugestivo é um livro sobre liderança, espécie de auto-ajuda para executivos. Ele pode ser encontrado em qualquer lista de discussão, fórum ou site da internet a granel. Pode-se baixar uma cópia em minutos, de centenas de lugares. Mas, entretanto e todavia, a edição em papel vendeu mais de 1,5 milhão de cópias. Opss, cadê os prejuízos terríveis causados pela pirataria digital?
Isto ocorre também com os softwares. Há uns dez anos existiam dois programas principas de CAD: o AutoCad e o Microstation. O segundo era superior na avaliação de engenheiros, arquitetos e projetistas, mas tinha uma chave de hardware que era difícil de piratear. Resultado: em São Paulo o AutoCad se tornou o padrão. Depois de bem posicionado no mercado, no início desta década, a sua empresa responsável começou uma caçada policial e um terrorismo incrível para que as pessoas legalizassem suas cópias. Muito escritório pequeno teve que vender os dentes de ouro da avó para fazer isto, com medo da polícia. Ah, esqueci um detalhe: o programa custa US$ 4.000,00. Isso mesmo: dólares, na época em que ele valia muito mais do que hoje e podia-se comprar um carro popular zero Km com o preço do programa. Agora a pergunta-chave: um software de US$ 4.000,00 teria alguma chance de se tornar padrão no Brasil sem a pirataria? Se não fossem os bucaneiros quantas cópias originais a empresa-dona teria vendido?
Existem muitos outros exemplos. Quando se faz as contas de quantos bilhões as empresas perdem com pirataria supõe-se que se não existissem as cópias ilegais todo mundo correria para comprar as originais, o que nem sempre é verdade. Acabar com a pirataria de tênis não vai fazer a molecada da favela comprar um Nike de R$ 500,00. O que nos resta é perceber que, antes de chamar a polícia, as empresas "lesadas" devem repensar a pirataria e criar novas formas de explorar esta disseminação de conhecimento (que, é claro, não vai acabar só porque eles querem). Estamos diante de uma forte mudança de paradigma, coisa séria, e leis e costumes do século XIX não vão resolver nada.
A primeira coisa que salta aos olhos é o filme "Tropa de Elite". Depois de 1,5 milhão de pessoas assistirem ao tal DVD pirata, o filme foi recordista de público neste final de semana, por sala de exibição, nos cinemas de São Paulo e Rio (onde começou a ser exibido sexta-feira). Legal, muito bom para o cinema nacional. Mas existe algo mais por aí...
Não seria o caso de se repensar o problema da pirataria? Se depois de toda esta confusão o filme foi bem de bilheteria a causa não seria justamente a pirataria? Pois não se fala de outra coisa entre os cinéfilos. É o assunto do momento. Vamos ver outro exemplo.
Conhece o livro "O Monge e o Executivo"? Apesar do nome sugestivo é um livro sobre liderança, espécie de auto-ajuda para executivos. Ele pode ser encontrado em qualquer lista de discussão, fórum ou site da internet a granel. Pode-se baixar uma cópia em minutos, de centenas de lugares. Mas, entretanto e todavia, a edição em papel vendeu mais de 1,5 milhão de cópias. Opss, cadê os prejuízos terríveis causados pela pirataria digital?
Isto ocorre também com os softwares. Há uns dez anos existiam dois programas principas de CAD: o AutoCad e o Microstation. O segundo era superior na avaliação de engenheiros, arquitetos e projetistas, mas tinha uma chave de hardware que era difícil de piratear. Resultado: em São Paulo o AutoCad se tornou o padrão. Depois de bem posicionado no mercado, no início desta década, a sua empresa responsável começou uma caçada policial e um terrorismo incrível para que as pessoas legalizassem suas cópias. Muito escritório pequeno teve que vender os dentes de ouro da avó para fazer isto, com medo da polícia. Ah, esqueci um detalhe: o programa custa US$ 4.000,00. Isso mesmo: dólares, na época em que ele valia muito mais do que hoje e podia-se comprar um carro popular zero Km com o preço do programa. Agora a pergunta-chave: um software de US$ 4.000,00 teria alguma chance de se tornar padrão no Brasil sem a pirataria? Se não fossem os bucaneiros quantas cópias originais a empresa-dona teria vendido?
Existem muitos outros exemplos. Quando se faz as contas de quantos bilhões as empresas perdem com pirataria supõe-se que se não existissem as cópias ilegais todo mundo correria para comprar as originais, o que nem sempre é verdade. Acabar com a pirataria de tênis não vai fazer a molecada da favela comprar um Nike de R$ 500,00. O que nos resta é perceber que, antes de chamar a polícia, as empresas "lesadas" devem repensar a pirataria e criar novas formas de explorar esta disseminação de conhecimento (que, é claro, não vai acabar só porque eles querem). Estamos diante de uma forte mudança de paradigma, coisa séria, e leis e costumes do século XIX não vão resolver nada.
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