terça-feira, 9 de outubro de 2007

TROPA DE ELITE, MONGES e PIRATAS

Depois de um longo e tenebroso inverno, nosso táxi está pronto para rodar novamente. Vamos sempre procurar gente interessante e assuntos legais para tentarmos entender melhor nosso Brasil varonil e, porque não, nós mesmos.

A primeira coisa que salta aos olhos é o filme "Tropa de Elite". Depois de 1,5 milhão de pessoas assistirem ao tal DVD pirata, o filme foi recordista de público neste final de semana, por sala de exibição, nos cinemas de São Paulo e Rio (onde começou a ser exibido sexta-feira). Legal, muito bom para o cinema nacional. Mas existe algo mais por aí...

Não seria o caso de se repensar o problema da pirataria? Se depois de toda esta confusão o filme foi bem de bilheteria a causa não seria justamente a pirataria? Pois não se fala de outra coisa entre os cinéfilos. É o assunto do momento. Vamos ver outro exemplo.

Conhece o livro "O Monge e o Executivo"? Apesar do nome sugestivo é um livro sobre liderança, espécie de auto-ajuda para executivos. Ele pode ser encontrado em qualquer lista de discussão, fórum ou site da internet a granel. Pode-se baixar uma cópia em minutos, de centenas de lugares. Mas, entretanto e todavia, a edição em papel vendeu mais de 1,5 milhão de cópias. Opss, cadê os prejuízos terríveis causados pela pirataria digital?

Isto ocorre também com os softwares. Há uns dez anos existiam dois programas principas de CAD: o AutoCad e o Microstation. O segundo era superior na avaliação de engenheiros, arquitetos e projetistas, mas tinha uma chave de hardware que era difícil de piratear. Resultado: em São Paulo o AutoCad se tornou o padrão. Depois de bem posicionado no mercado, no início desta década, a sua empresa responsável começou uma caçada policial e um terrorismo incrível para que as pessoas legalizassem suas cópias. Muito escritório pequeno teve que vender os dentes de ouro da avó para fazer isto, com medo da polícia. Ah, esqueci um detalhe: o programa custa US$ 4.000,00. Isso mesmo: dólares, na época em que ele valia muito mais do que hoje e podia-se comprar um carro popular zero Km com o preço do programa. Agora a pergunta-chave: um software de US$ 4.000,00 teria alguma chance de se tornar padrão no Brasil sem a pirataria? Se não fossem os bucaneiros quantas cópias originais a empresa-dona teria vendido?

Existem muitos outros exemplos. Quando se faz as contas de quantos bilhões as empresas perdem com pirataria supõe-se que se não existissem as cópias ilegais todo mundo correria para comprar as originais, o que nem sempre é verdade. Acabar com a pirataria de tênis não vai fazer a molecada da favela comprar um Nike de R$ 500,00. O que nos resta é perceber que, antes de chamar a polícia, as empresas "lesadas" devem repensar a pirataria e criar novas formas de explorar esta disseminação de conhecimento (que, é claro, não vai acabar só porque eles querem). Estamos diante de uma forte mudança de paradigma, coisa séria, e leis e costumes do século XIX não vão resolver nada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gilberto

acho que a pirataria acaba sendo uma forma de divulgação fazendo com que o interesse pelo filme seja redobrado.

 

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